Para os que têm medo
- Rafaela Chor
- 24 de ago. de 2024
- 3 min de leitura
Como seres humanos, precisamos passar diariamente por milhares de micro sensações. Cada uma delas abala nosso corpo material e pensamento de alguma forma.
Existem sentimentos que vêm e vão embora apenas com um banho quente e uma boa respirada até os pulmões não poderem acolher mais ar.
Mas, existem outros que permanecem e fazem com que queiramos nos esconder e permanecer imóveis por um certo tempo. Estou falando principalmente do medo.
Não é de se espantar que vivamos com ele grande parte de nossas vidas. É ele que nos impede de saltar de paraquedas, de comer um morango mofado, de andar descalço em um tapete de cacos de vidro.
Mas, é ele que também nos impede de realizar outras tarefas no dia, como sair da cama, na rua ou até mesmo fazer uma refeição.
O medo já dominou grande parte de quem sou e, hoje, posso dizer que, assim como os momentos bons, ele também vai embora. Tudo vai.
O medo se manifesta de diversas maneiras, principalmente em forma de palpitação. É um ritmo anormal que toma conta do peito. O medo é aquela dorzinha ou embrulho que dá no estômago. É aquele suor inexplicável em um dia em que faz 9º lá fora.
É a ansiedade que corrói as vísceras quando se sente que o modo de sobrevivência do corpo é ativado sem intenção alguma, buscando nos preparar para qualquer tipo de ameaça, seja ela real ou não.
Meu ponto é: todos sentimos medo. Sem exceção. E se você diz que não o sente, você está cometendo uma grande farsa.
Não há receita para combater o medo, mas há maneiras de amenizá-lo e cada pessoa achará a sua forma de fazê-lo.
No meu caso, quando eu ficava ansiosa e com medo de morrer a qualquer instante na cidade grande de São Paulo, encostava a minha cabeça no peito de alguém importante para mim e ouvir aquele batimento cardíaco calmo, fazia com que o meu se acalmasse também.
Essa é só uma das táticas que aprendi ao longo do tempo. O importante é que você não desista de buscar a sua. Seja através de um beliscão ou através de uma ligação com alguém que você confia para te dizer que você se encontra em segurança e que sua vida não corre perigo, procure uma forma de colocar os pés no chão.
E digo isso não literalmente, mas se também funcionar literalmente, ótimo. Não há nada que esteja tão danificado pelo medo que não possa ser reconstruído, acredite.
É preciso se lembrar que a luz dentro de um ambiente escuro vem sempre de você. A solidão é uma ilusão que faz questão de tomar conta do seu cérebro, quando na verdade, você se cerca de diversas pessoas que nunca o deixariam só.
Sim, existe o medo saudável que nos mantém vivos, porém quando o medo te paralisa, é hora de desconstruir ele até a base para entender da onde ele vem. É hora de descolar as pétalas até chegar no talo.
Lembre-se: a viagem é de ida e volta. Perder-se nos profundos pensamentos nem sempre é aconselhado. Mas, perder a noção de tempo ao enfrentar um medo que te consumia há tempos, é digno de degustação.
Um salto para dentro de si mesmo é necessário para externalizar o que estava criando mofo dentro da nossa mente, o que precisava sair, seja através da dança, de terapia, de uma boa conversa com uma amiga. Coragem, viajante. É hora de mergulhar.

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