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Cheiro de casa

  • Foto do escritor: Rafaela Chor
    Rafaela Chor
  • 18 de ago.
  • 2 min de leitura

Hoje me sinto bem. Te vi pelo retrovisor dando “até logo” quando tomei coragem para enfim ir embora da sua casa.


Para ser bem sincera, meu bem, eu não queria ter ido. Cada momento passado ao seu lado tem tomado as rédeas da minha vida quando falamos do coração. 


Degusto a mais sincera miscelânea de sentimentos quando você me toca com o olhar. Quando me enxerga com os dedos e reage às minhas canções improvisadas com ouvidos atentos.


O que eu acho mais admirável é que você, que não se considera exímia cantora, também me faz serenatas estampadas com caras e bocas magnetizadas que puxam o meu rosto para perto do seu, resultando em um beijo longe de ser de cinema.


Digo isso porque beijos de cinema são cheios de vazios. E, meu bem, o que nós duas mais temos nesse mundo é recheio para boas conversas, dançar de pernas e encontro de bocas sedentas pelo amanhã. Porque sabemos que este virá acompanhado da presença da outra.


A vida às vezes nos dá a chance de encontrar a felicidade pura. Quase como o primeiro mergulho dos pés no mar. Só que nesse momento, o oceano se encontra em suas gavetas. Em seus esconderijos, que tenho tido o prazer de desvendar com o passar dos meses.


Em cada gaveta sua trancada pelo tempo, eu, com meu chaveiro cheio de palavras, descubro uma forma de cortejar suas amarras. Mas não pense que isso é uma via de mão única.


Minhas trancas enferrujadas pelo tempo também tomam algumas horas do seu dia, ou dias das suas semanas, ouso até em dizer semanas dos seus meses. A verdade é que o tempo é um mero coadjuvante quando estamos protagonizando nossa peça.


Quebra-cabeça do tipo que só os amantes conseguem desvendar. Amar é ninguém completar ninguém. É ser inteiro e dividir o que decide saltar do peito para o peito da outra pessoa.


Meu peito, agora, em estado de alerta, pula cada vez que você esboça uma reação a um “eu te amo” meu. Não se trata de um alerta ruim e, sim, um alerta que prova que se está vivo.


Meu corpo vive, meu bem, e a vida tem tomado outro gosto desde o dia em que te avistei. Cheiro inconfundível de acalanto e de garoa pelas manhãs.

Você tem cheiro de casa.

ree


 
 
 

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